sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

...e uma onda de prazer me invade




No meio de tuas pernas
o cheiro perfumado do prazer
atrai meu encaixe que busca
tua entrada que acolhe
sem pensar em mais nada ...

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Robert e Elizabeth... uma amor eterno!

Amo-te quanto em largo, alto e profundo
Minhalma alcança quando, transportada,
Sente, alongando os olhos deste mundo,
Os fins do Ser, a Graça entressonhada.


Amo-te em cada dia, hora e segundo:
À luz do Sol, na noite sossegada.
E é tão pura a paixão de que me inundo
Quanto o pudor dos que não pedem nada.


Amo-te com o doer das velhas penas;
Com sorrisos, com lágrimas de prece,
E a fé da minha infância, ingênua e forte.

Amo-te até nas coisas mais pequenas.
Por toda a vida. E, assim Deus o quiser,
Ainda mais te amarei depois da morte.

 
Numa determinada etapa da sua vida, Robert sentiu-se momentaneamente desorientado, procurando achar uma novo oriente para a sua vida, entregando-se com denodo à leitura; foi nesse ambiente de transformação, provavelmente vulnerável, que pela primeira vez leu os Poemas de Elizabeth Barret, editados em dois volumes.
Seduzido de forma irremediável pelos escritos, exactamente ele que se julgava um intransponível nos caprichos do amor, percebeu de forma arrebatadora que sucumbira aos versos fluentes, enamorando-se perdidamente pelo espírito e inteligência daquela poetisa.
Consciente do fato, de uma forma arrebatadora, pegando na caneta, alinhavou com certeza uma das mais celebres confissões de um amor virtual que se têm conhecimento:

"Amo os seus livros com todo o meu coração e amo-a também a si...."

Naquele dia de 1845, extremamente frio, posicionada em seu sofá favorito, no segundo andar da casa de Wimpole Street, já acostumada a receber um volume considerável de correspondência, Elizabeth mudou de uma forma abrupta o seu já tradicional comportamento; quando uma carta mais ousada insinuava algo que saísse do essencialmente restrito espectro da poesia, sem titubear, tinha um endereço certo: a incineração.
Num procedimento inusitado, depois de abrir e conferir as correspondências, num gesto delicado, separou uma delas ternamente que parecia ter arrebatado àquele sofrido coração de mulher, cujos dizeres ficaram arraigados para sempre:

"Amo os seus versos com todo o meu coração. Amo estes livros e amo-a a si também. Sabe que uma vez estive quase a conhecê-la pessoalmente? Uma manhã, o senhor Kenion perguntou-me: "Gostaria que eu o apresentasse a Miss Barret? "E foi anunciar-me, mas pouco depois voltou dizendo que a senhora não se sentia bem e assim regressei a casa. Será que nunca a conseguirei ver? De qualquer maneira, quero dizer-lhe que era necessário que os seus poemas fossem escritos para que tão grande alegria e tão sincera satisfação despertassem no seu devoto admirador Robert Browning."

Como no famoso conto "Alí Babá e Os Quarenta Ladrões" , um dos mais populares de: "As Mil e Uma Noites", a carta de Robert , praticamente abriu as portas do coração de Elizabeth.
Embora não conhecendo-o pessoalmente, mas sim a sua obra ainda desconhecida do grande público, tomada por um impulso e disposição incomum, começou a responder:
"De todo o coração lhe agradeço, caro Sr. Browning"
...
Embora timidamente, numa composição poética em forma de carta, ou como dizem os doutos, "epistolar", Elizabeth procurou delicadamente responder aos anseios do admirador:
"Na Primavera veremos...

Subsequentemente, consta que em número de 573 cartas, a história registrou uma das mais impressionantes, comovedoras e reveladoras expressões de relações humanas de que há notícia
As cartas que Elizabeth recebia, agora quase que diariamente, do desconhecido Robert, eram verdadeiros golpes com uma vibração exponencial sobre os muros da casa situada em Wimpole Street 50.

" Na Primavera veremos..."
O poeta interpretou a frase em epígrafe como um convite encorajador; porém, a seguir,embora com moderação, Elizabeth respondeu-lhe:
"A minha Primavera chega mais tarde"
Numa terça feira da segunda quinzena de maio, Robert adentra pelo número cinqüenta de Wimpole Street, dirigindo-se ofegante ao local em que Elizabeth se encontrava. Como que para sacramentar esse primeiro encontro, a poetisa escreveu:

"Desde que chegaste foi como se fosse para sempre."

Amigos comuns atestaram que Robert ficou loucamente enamorado e mais do que depressa, por escrito, confessou-lhe a sua paixão.

Elizabeth, profundamente angustiada, devolveu-lhe a carta (a única que falta na correspondência posteriormente publicada em dois volumes) e, embora em tom de afeto,assinando a correspondência com amizade e gratidão, proibiu ao galante admirador de falar ou comentar tais assuntos.
A troca de informações se processava de maneira muito intensa, estabelecendo-se uma inequívoca compreensão entre os dois poetas. O vínculo de carinho e intimidade que se formava proveniente da troca de correspondência, por mais paradoxal que possa parecer, era até maior do que os contatos pessoais mantidos religiosamente toda semana.

A presença de Robert na casa era como um balsamo para Elizabeth, dando-lhe novas forças para lutar contra a implacável doença que teimava em deixar de manifestar-se em seu corpo. Todavia, com a consolidação dos fatos, não demora muito para acontecer o que poucos , por mais otimistas e esperançosos que fossem, acreditavam que pudesse acontecer.
Numa bela manhã de Verão, sentindo-se muito bem disposta, Elizabeth liberta-se do velho sofá e num feito há muito não presenciado por ninguém, passeia leve e solta pelo quarto e, postada junto à janela, respira fundo o ar puro.
"Agora já me sinto viver", exclamou.

Da sua parte, Robert intensifica de forma insofismável os seus impulsos amorosos, escrevendo-lhe de uma maneira bem mais livre, arrojada até, ciente de que a oposição de Elizabeth, temerosa que em virtude da sua pouca saúde, de alguma maneira pudesse atrapalhar a sua própria vida.

Apesar dos esforços do apaixonado Robert, Elizabeth, já com quarenta anos de idade, relutava e custava libertar-se dos longos e sofridos anos de invalidez que foi vitima, e nem do respeito exagerado que tinha pelo quase tirano pai, Edward Moulton Barrett, a cujo jugo ainda se mantinha.
Mesmo estando irremediavelmente apaixonada, para ela, fragilizada emocionalmente, e ainda apresentando uma debilidade física pela doença implacável, esse quadro representava uma barreira intransponível.
Apesar dos progressos incomensuráveis, ainda mantinha o receio de ser um estorvo para o seu amado, e o pior, ser descoberta nas suas relações sentimentais; com certeza, se o pai soubesse disso, com grande probabilidade destruiria todas as correspondências existentes, e o pior, proibiria de forma enérgica que Robert voltasse a frequentar a casa.

A medida que os dias avançavam, de uma forma arrebatadora, envolvidos ainda em constantes receios, o amor de ambos crescia e consolidava-se ainda mais. Nesse ínterim, com a chegada da Primavera, numa análise mais apurada da situação, ambos tomaram uma decisão: partirem juntos para Itália.

Os dias pareciam "galopar", dando a sensação que a rotação cíclica e irremediável das estações climáticas conspiravam contra eles; o Verão aproximava-se do final e outro Inverno, com certeza, seria mais uma tortura para a sua pessoa. Conspirando ainda mais com esses temores, o pai de Elizabeth resolveu reformar a casa de Wimpole Street, sendo necessário o remanejamento de todos da família pelo menos por um mês, para longe das imediações.
Em verdadeiro pânico, Elizabeth envia uma mensagem ao seu namorado. Robert, com a sensibilidade do poeta e do apaixonado, interpretando tal missiva como um pedido de "socorro", responde:
"Se partires o nosso casamento será adiado pelo menos um ano. Já tivemos ocasião de verificar o que ganhamos em esperar até agora. Devemos, pois, casar imediatamente e partir para Itália. Hoje mesmo pedirei a licença e, deste modo, o casamento poderá realizar-se no próximo sábado."

Não vacilando desta vez, numa manhã de sábado, mais precisamente em 12 de setembro de 1846, Elizabeth acompanhada da fiel criada, cujo pretexto foi o de visitar uma amiga, vai ao encontro do seu amado.

Embora feliz, porém emocionalmente tensa e esgotada fisicamente, a poetisa teve que adiar a fuga que tinham planejado, e por precaução, Elizabeth regressou a casa na companhia da criada, adiando a fuga por mais uns dias.

Exatamente uma semana após o enlace matrimonial, no dia 19 de setembro de 1846, também um sábado, o sinal verde para que fugisse foi dado. Assim, Elizabeth, sua fiel criada, e até o seu cachorro Flusx deixaram definitivamente para trás àquela que teria sido uma verdadeira prisão, a casa de Wimpole Street, 50.

Como nos finais dos velhos contos, Robert e Elizabeth viveram felizes por muitos anos. Cidades como Florença, Paris, Pisa e Roma, eram rotas obrigatórias, desfrutando das belezas naturais, do clima, dos amigos, e logicamente da poesia que além de outras afinidades, unia os dois.
Elizabeth, radiante e feliz, sentia-se muito bem de saúde, e para coroar a felicidade definitiva daquela união, em 1849, na Primavera, deu à luz um menino.

Na cidade de Florença, numa tarde de junho, acometida de um repentino e inesperado ataque de bronquite, imediatamente assistida pelo seu médico, nos braços de Robert, a poetisa faleceu.
Num relato comovente, escrito pelo poeta tempos depois afirmou:
"Sempre sorrindo e com uma expressão de felicidade no seu rosto de menina, faleceu, em poucos minutos, com a cabeça apoiada na minha face".

I am yours for everything


To Elizabeth:

...would I, if I could, supplant one of any of the affections that I know to have taken root in you - that great and solemn one, for instance.
I feel that if I could get myself remade, as if turned to gold,
I WOULD not even then desire to become more than the mere setting to that diamond you must always wear.

The regard and esteem you now give me, in this letter, and which I press to my heart and bow my head upon, is all I can take and all too embarrassing, using all my gratitude.

- Robert Browning
(1812-1889)



To Robert:

And now listen to me in turn.
You have touched me more profoundly than I thought even you could have touched me - my heart was full when you came here today.
Henceforward I am yours for everything.

- Elizabeth Barrett Browning
(1806-1861)